A historinha “A ARCA DE NOÉ” nos traz diversos ensinamentos
dependendo naturalmente, do ângulo e da percepção que se tenha sobre problemas
relacionados com o desenvolvimento daquilo que se entende como um
empreendimento.
Entretanto, é importante destacar naquele texto, um aspecto
que nos parece fundamental quando se trata de levar adiante qualquer tipo de
ação dirigida a realizar ou concretizar um objetivo. E, como manifesta o próprio
protagonista da história, tratava-se de um grande objetivo: “a construção de um
barco para salvar a humanidade! ”.
Neste ponto nos referimos á desastrada ação de planejamento
levada a cabo pelo Absalão, o general especializado em guerras ou, se quiser, em
empreendimentos armados, para cumprir com a missão encomendada pelo Criador. Com
efeito, o General Abssalão teve a sua preocupação maior dirigida à montagem da
organização e correspondente estrutura burocrática e não às ações dirigidas ao
atingimento do objetivo final. Em outras palavras, ele e seus auxiliares e
assessores dedicaram-se à missão de montar uma empresa de construção de barcos
em grande escala quando na realidade se tratava apenas da construção de um
barco!
Interpretações aparte, tudo isto que parece ser apenas uma folclórica
e engraçada história de um narrador muito criativo e imaginativo é, entretanto,
uma experiência constante em nossos países, tanto no âmbito privado como no
contexto público, com maior preponderância, obviamente, neste último, onde é
comum encontrar organismos governamentais com muitos ministérios, entes ditos
autônomos, todos com empregados...muitos empregados...cada quem, como não pode
deixar de ser, com seu correspondente computador e demais parafernália
tecnológica!
À constante e generalizada falta, carência ou falho
exercício da função de planejamento podemos acrescentar a péssima organização operacional,
sem deixar de destacar: a verdadeira ruina na execução de planos e projetos,
quando existem, bem como na administração e gestão dos recursos humanos,
materiais, financeiros e outros.
São burocracias imensas, caríssimas e ineficientes que
explicam, mas não justificam, o alto custo e, por conseguinte, os altos
impostos e tributos que a população tem que pagar para a sua manutenção, sem
que se tal esforço se traduza em eficientes e suficientes serviços de
contrapartida.
Sobre estes temas consideramos oportuno rever dois textos
incluídos no início do presente Blog,
vejamos:
“Um dos maiores problemas
que os países chamados emergentes, de terceiro mundo ou em desenvolvimento
enfrentam nos dias de hoje, é o imenso vácuo existente entre o modelo de Estado
e de organização administrativa pública vigente nestes países, e as necessidades
de mudanças estruturais exigidas pelo processo de interação e integração com
uma realidade e com um mundo externo cada vez mais cambiante e dinâmico, com o
qual, para bem ou para mal, temos que conviver.
Nossos países vêm sendo atropelados, no
seu dia a dia, pela velocidade dos acontecimentos provocados mundo fora pela
revolução da informação, o avanço da tecnologia e a globalização. É uma
situação que vem criando grandes conflitos nos campos político, social e
econômico pelas dificuldades que temos para nos adaptar ás novas situações. Em
que pese aos esforços realizados, pouco conseguimos progredir e nossos países
continuam a sofrer as mazelas do atraso como o desemprego, a pobreza, e, em
muitos casos, até com a fome e com doenças que há muito tempo deveriam ter sido
controladas.
O
pior de tudo é a desesperança e a falta de perspectivas. As pessoas não
conseguem ver de que forma podem melhorar e sair de uma crise que se torna cada
vez mais permanente, assumindo contornos endêmicos, por que se apresenta
recorrente, parecendo que chegou para ficar”.
E
mais:
“Os tempos são de
mudança. Mudança radical de estruturas, conceitos, paradigmas e valores.
Mudança provocada, em primeira instancia, pela explosão do conhecimento e da
tecnologia e, num segundo momento, pela revolução da informação e a
globalização da economia.
Entidades sociais,
empresas, instituições públicas e privadas de todo ordem se vem, da noite para
o dia, enfrentando situações não necessariamente planejadas ou, de alguma forma
previstas, colocando em risco a sua capacidade de cumprir e atender, adequadamente,
as constantes novas demandas de clientes, público e sociedade em geral.
Para as empresas e
negócios privados, a ameaça se traduz em perda de lucratividade e
competitividade, em suma, a falência e o desaparecimento. Para as entidades
públicas, os riscos e problemas são de atraso e obsolescência, com a perda de
sua capacidade de dar oportuna e satisfatória resposta às próprias exigências
da sociedade, tornando-se assim, inúteis e onerosas.
No âmbito individual, a
necessidade é de atualização e desenvolvimento profissional, como única saída
para o ostracismo, a falta de emprego e de futuro”.
Os
textos anteriores apresentam uma realidade inquestionável e, sem dúvida,
merecem uma amplia e minuciosa reflexão acerca de suas origens e
caraterísticas, causas e consequências no âmbito dos diferentes ambientes
institucionais, sociais e econômicos.
E
é precisamente nesse contexto que se fundamenta a nossa cruzada por incentivar
e promover o exercício do processo que convencionamos em definir e chamar de “Desenvolvimento Institucional”.
Um
processo que tal como mostrado através de diferentes textos do Blog, tem a sua
sustentação no empreendedorismo, na inovação tecnológica, no conhecimento e no
campo comportamental.
De outro ângulo e, em relação com o tema abordado, Peter
Drucker[i] nos
expressa:
“A inovação é o melhor meio para se preservar e perpetuar a
organização, é o alicerce para a segurança e o sucesso no desempenho de cada
gestão”. E recomenda:
Ø O
abandono sistemático de tudo que estiver desgastado, obsoleto, improdutivo, bem
como erros e esforços mal direcionados.
Ø Enfrentar
o fato de que todos os atuais produtos, serviços, mercados, canais de distribuição,
processos e tecnologias têm vida limitada, habitualmente curta.
Ø Fazer
o raio-X da empresa para descobrir o quanto de inovação é requerido, em quais
áreas, dentro de quais prazos
Ø Formular
um plano empreendedor, com objetivos para a inovação e prazos-limite.
Em outras palavras, se trata da implantação de uma atitude
permanente orientada para a mudança que leve à elaboração de planos, programas
e projetos dirigidos à obtenção de melhores índices operacionais e desempenho
em termos de eficiência, eficácia e sustentabilidade. E isso é totalmente
válido tanto para o âmbito da administração pública como para a gestão privada.
Mas, como fazer isso? Sobre este tema existe uma vasta
literatura sobre trabalhos realizados, principalmente, logo o após a II Guerra
Mundial, em empresas das mais variadas atividades, através do mundo. Entre
outras, poderíamos citar: a administração por objetivos, a qualidade total, o Just
in time, a Reengenharia, o Kai zen, o Benchmarking e outras.
Na sequência do Blog, abordaremos uma experiência levada a
cabo no Setor de Saneamento do Brasil, entre os anos 70 e 80, na qual tivemos a
oportunidade de participar formando parte de uma equipe multidisciplinar de
especialistas da OPS/OMS, em Convenio de Cooperação Técnica com o Governo
Brasileiro.
[i]
DRUCKER, Peter F. – Inovação e Espírito Empreendedor, práticas e princípios.
7ª. Ed. São Paulo, Editora Cengage Learning, 2008