O PLANASA: UM CASO DESENVOLVIMENTO
INSTITUCIONAL EM SANEAMENTO AMBIENTAL IV
Consideramos esta parte do trabalho como sendo da
maior importância, principalmente, quando se pretende fazer uma análise dos
problemas relacionados com o setor de saneamento e saúde dos países emergentes,
notadamente no Brasil, bem como encontrar novas soluções.
Aqui será possível entender, à luz dos
resultados alcançados, o que deu certo ou deu errado no processo denominado do
PLANASA – Plano Nacional de Saneamento, e, a partir daí, vislumbrar, quem sabe,
novas saídas e novas alternativas para um problema que persiste em
se manter, inexplicavelmente insolúvel, apesar de existir, no mundo atual, recursos,
tecnologia e sistemáticas de gestão, suficientes como para, de uma vez por todas,
equacionar uma vergonhosa realidade no desenvolvimento humano de nossos povos.
Panorama
institucional anterior ao PLANASA
O avanço da concentração
fundiária no campo, o êxodo do campo para cidade e a explosão demográfica
conduziram o Brasil a conviver com um processo de crescimento acelerado dos índices
de concentração urbana.
Os aspectos citados somados a uma
falta de consistentes práticas de planejamento urbano provocaram, nas cidades brasileiras,
a convivência com índices alarmantes de endemias e epidemias, produto,
principalmente, das péssimas condições de habitação, bem como da ausência de
saneamento básico.
Em
fins dos anos 60, nada mais, nada menos que dezessete órgãos federais atuavam
na área de saneamento, entre os quais: Departamento de Obras de Saneamento
(DMOS); Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS); Fundação
Serviços de Saúde Pública (FSESP); Departamento Nacional de Endemias Rurais
(DNRu); Divisão de Engenharia Sanitária do Ministério da Saúde;
Superintendências de Valorização Econômica da Amazônia (SVEa); SUDENE; Comissão
do Vale do São Francisco (CVSF); Comissões de Fronteiras; Plano do Carvão;
Departamento Nacional (DNPN); sessão de engenharia do Ministério da Guerra e
Sudam.
Essa
multiplicidade de órgãos acrescida da existência de outras instâncias e
estruturas nacionais, falam por si só da fragmentação institucional que
apresentava o setor naquela época e explicam, em boa parte, os pobres
resultados alcançados.
Sem um
planejamento setorial e de longo alcance que incluísse a determinação dos
objetivos e metas a serem alcançados e os correspondentes prazos, e sem uma
coordenação efetiva na execução dos planos e projetos em âmbito nacional e
local, a dispersão de recursos e esforços institucionais fizeram com que os
resultados auferidos, repetimos, foram muito pobres, aquém das necessidades que
demandava a situação existente.
Neste
contexto, uma proposta de política de saneamento centralizada incluindo a
criação e organização de serviços de saneamento autônomos e flexíveis com
caraterísticas de empresas privadas em regime de economia mista, bem como o
estabelecimento de políticas tarifárias realistas que descem auto sustentação financeira
a estes organismos, parecia ser o caminho que garantiria os recursos e
mecanismos necessários para a implementação dos planos e programas de
saneamento básico em nível de país. E de forma permanente.
A
IMPLANTAÇÃO DO PLANASA
Em 1971, o governo federal do Brasil lançou o
Plano Nacional de Saneamento (PLANASA), determinou a criação de Empresas de
Saneamento em todos os estados e unidades da Federação e estabeleceu os seguintes
objetivos permanentes:
Ø
Eliminação
do déficit de saneamento básico no menor espaço de tempo possível e ao menor custo;
Ø
Estabelecimento
de um sistema e de uma organização institucional capaz de garantir o equilíbrio
permanente entre a demanda e a oferta dos serviços;
Ø
Universalização
dos serviços em todas as cidades brasileiras;
Ø
Adoção
de uma política tarifária com equilíbrio entre receita e despesa;
Ø
Aperfeiçoamento
das técnicas de formulação e planejamento de projetos e de gestão dos serviços;
Ø
Incentivo
à pesquisa, ao treinamento e à assistência técnica.
METAS
As metas estabelecidas para o setor de
saneamento básico foram:
Ø
Aumentar
o número de usuários urbanos do serviço de abastecimento de água de 39,7
milhões, em 1974, para 60,3 milhões de pessoas, em 1979.
Ø
Aumentar
a população beneficiada pelo serviço de esgoto de 17,7 milhões, em 1974, para
33,7 milhões, em 1979 (BRASIL, 1974).
ORGANIZAÇÃO
O advento do PLANASA demandou a montagem de um
tipo específico de organização capaz de permitir a programação de suas ações,
sua adequação constante, sua execução, seu controle e sua avaliação.
A nível de País e de cada Estado, tal
organização correspondeu ao Sistema Financeiro do Saneamento – SFS, do qual
faziam parte:
Ø
O
Banco Nacional de Habitação – BNH, como Órgão Central;
Ø
Os
Governos dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios Federais (que
existiam na época)
Ø
As
Companhias de Saneamento, como Agentes Promotores e Órgãos Executivos;
Ø
Os
Bancos Oficiais, credenciados como Órgãos Gestores dos FAE´s e Agentes
Financeiros;
Ø
Entidades
especializadas na elaboração, análise e avaliação de projetos, bem como na
fiscalização da execução das obras, como Órgãos Técnicos; e, finalmente,
Ø
Os
Municípios, com suas respectivas populações, como usuários dos benefícios
sociais decorrentes de todo o conjunto de esforços realizados, no âmbito do
SFS, no sentido do desenvolvimento do PLANASA.
Ø
O
BNH era incumbido de gerir o sistema, aprovar as propostas de Investimentos
estaduais, avaliar a viabilidade técnica dos programas e projetos e fiscalizar
as Companhias estaduais de saneamento Básico (CESBs).
Ø Os governos estaduais
tinham o controle acionário das CESBs, com amplo poder decisório sobre a sua
organização e funcionamento, além da nomeação de seu diretório.
Dentre os papeis e funções atribuídas às
entidades mencionadas cabe dar um especial destaque aqueles afetos às Companhias
de Saneamento, ou seja, o de Agente Promotor e Órgão Executivo, que incluía a
função de Mutuário Final dos empréstimos oriundos do BNH e dos FAE´s.
As Companhias assumiram o direito de exploração
dos serviços de água e esgoto mediante atos jurídicos de concessão dos Governos
Municipais
Nesse sentido o papel de Agente Promotor lhe
conferia a estas entidades as funções de promoção, inventário, diagnóstico,
prognóstico, estudos de alternativas, análise de custos e montagem dos planos e
programas em nível de cada município e do correspondente Estado.
Por outro lado, no papel de Órgão Executivo,
que inclui a responsabilidade de Mutuário Final, lhes cabia a responsabilidade
de elaboração de estudos e projetos, a execução de obras e a operação e
manutenção dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, em
condições de corte empresarial, de maneira que lhes permitisse cumprir com os
seus objetivos finais de dar satisfação às necessidades e anseios das
comunidades usuárias, bem como atender os compromissos assumidos com as demais
entidades do Sistema Financeiro de Saneamento e, ainda, com consultores,
empreiteiras e fornecedores.
ORIGEM DOS
RECURSOS E MECANISMOS DO SISTEMA FINANCEIRO
Os recursos aplicados eram oriundos do FGTS,
dos orçamentos da União, dos estados e municípios e de empréstimos internos e
externos. No entanto, a fonte financiadora mais importante do sistema
continuava sendo o FGTS.
A mobilização dos recursos necessários para o
PLANASA era realizada pelo SFS, que os reunia por meio do Programa de
Financiamento para o Saneamento (FINANSA) 1, ligado ao BNH, e dos Fundos de
Financiamento para Água e Esgoto (FAEs), constituídos pelos governos estaduais.
O outro elemento importante da organização do
PLANASA, fundamental para o alcance de seus objetivos, foi a criação dos Fundos
de Água e Esgoto – FAE, no âmbito de cada Estado e demais entes da federação
participantes. Mecanismo que possibilitou o fluxo regular e permanente de
recursos financeiros para a execução dos investimentos.
Este último aspecto, na nossa opinião, foi
determinante para atingir resultados consistentes através de toda a execução do
Plano.
BENEFICIOS
E RESULTADOS
Entre os aspectos positivos mais importantes
resultantes da execução do PLANASA no Brasil, pode ser citado, em primeiro
lugar, o enorme salto quantitativo e qualitativo alcançado no campo da expansão
do abastecimento de água entre a população urbana do país, que passou de uma
cobertura de, aproximadamente, quarenta por cento para oitenta por cento da
população urbana, um feito sem dúvida, extraordinário, que significou
proporcionar serviço de água potável a uma população equivalente à da França,
em apenas dez anos.
Outros aspectos benéficos derivados do enorme esforço
econômico, financeiro técnico e, em geral, institucional, realizado com a
implantação do Plano, foram o incremento e fortalecimento dos setores e
atividades relacionadas com os ramos de consultoria, construção, produção de equipamentos
e materiais e, naturalmente, o emprego de grande contingente de mão de obra
direta e indireta nas atividades relacionadas, no país todo.
O PLANASA enfrentou grandes e severos problemas
no campo, principalmente econômico, com o crescimento exponencial da inflação, que
chegou a caracterizar, praticamente, um processo de hiperinflação. Isto trouxe,
como consequência, a quebra da espinha dorsal de toda uma estrutura funcional e
de organização dos serviços públicos que com muito esforço vinha sendo montada
naquela época. Avanços significativos nos campos das comunicações, energia,
saneamento e outros serviços, perderam o impulso que até então tinha sido ganho
a muito custo.
A extinção do BNH foi o evento decisivo para o
fim das operações do SFS, mesmo quando algumas das funções e programas de apoio
às atividades em andamento junto às Empresas de Saneamento, tenham sido
transferidas para a Caixa Econômica Federal – CEF.
PROGRAMAS
PÓS PLANASA
1980 – PROGRAMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E
SANEAMENTO
PARA POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA DA ZONA URBANA
(PROSANEAR)
Em 1982,
o governo brasileiro lançou um projeto experimental chamado Programa de
Abastecimento de Água e Saneamento para População de Baixa Renda da Zona Urbana
(PROSANEAR), cujo objetivo era oferecer serviços de saneamento básico às
famílias de baixa renda. Inicialmente, o financiamento ficou a cargo da União e
o MINTER foi o responsável pela administração do programa. Contudo, no final de
1980, o Banco Mundial e a Caixa Econômica Federal (CEF) resolveram ampliar o
projeto inicial e lançaram o PROSANEAR.
Dessa vez, os recursos eram provenientes do
Banco Mundial (U$ 100 milhões), dos governos estaduais e municipais e da CEF. O
banco entrava com 50% do montante necessário, os governos municipais e
estaduais com 25%, e a CEF, com o restante (BANCO MUNDIAL, 1990).
Outros programas e ações pontuais foram
realizados posteriormente, mas sem apresentar resultados dignos de comentários
e análise no âmbito do presente trabalho.
SITUAÇÃO
ATUAL: O PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO – PLANSAB
O Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), foi
lançado pela Lei 11.445/2007. Segundo a portaria de criação, o Plansab deve ser
revisado periodicamente, em um prazo não superior a quatro anos, e avaliado
anualmente com base nos indicadores de monitoramento, de resultado e de impacto
previstos no plano.
O Plansab
conta com um volume de recursos estimado de R$ 508 bilhões entre 2013 e 2033 e
prevê metas nacionais e regionalizadas de curto, médio e longo prazos, para a
universalização dos serviços de saneamento básico. O plano nacional deve
abranger o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo de resíduos
sólidos e de águas pluviais, além de tratar das ações da União relativas ao
saneamento nas áreas indígenas, nas reservas extrativistas e nas comunidades
quilombolas.
As metas estabelecidas
eram as de chegar a 2023 com a universalização do serviço de água (100%) e dez
anos depois, com o de esgoto (cerca de 90%) eos recursos para seu financiamento provem do Plano de
Aceleração do Crecimento – PAC, criado pelo Governo Federal em 2007 para
financiar todas as obras de infraestrutura do País.
De acordo
com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (2011), o serviço de esgoto
chega a apenas 48% da população. O índice de tratamento no País é ainda pior:
apenas 38% são tratados.
RESULTADOS
Em 2011, o
Brasil ocupava a 112ª posição em um conjunto de 200 países no quesito
saneamento básico. Os dados analisados correspondem a um estudo
divulgado pelo Instituto Trata Brasil e pelo Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, durante o fórum: Água Gestão Estratégica
no Setor Empresarial realizado, no mês de março de 2014.
De acordo com esse estudo,
o Índice de Desenvolvimento do Saneamento atingiu 0,581, indicador que está
abaixo não só do apurado em países ricos da América do Norte e da Europa como
também de algumas nações do Norte da África, do Oriente Médio e da América
Latina em que a renda média é inferior ao da população brasileira. Entre eles
estão o Equador (0,707); o Chile (0,686) e a Argentina (0,667). O índice é
mensurado com base no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Na última década, o
acesso de moradias à coleta de esgoto aumentou 4,1%, nível abaixo da média
histórica (4,6%). Em 2010, 31,5 milhões de residências tinham coleta de esgoto.
Já para a rede de
água, o país saiu de 76% para 84% de domicílios atendidos entre 1996 e 2006.
Após o PAC de 2007, o avanço em sete anos foi de apenas um ponto percentual,
chegando a 85%.
As metas do Plansab
estabelecidas eram as de chegar a 2023 com a universalização do serviço de água
(100%) e dez anos depois, com o de esgoto (cerca de 90%).
Os especialistas
consideram que, nesse ritmo, a universalização de serviços de saneamento básico no Brasil, coleta de esgoto e
abastecimento de água, só será alcançada após 2050, mais de 20 anos depois do
prazo previsto no plano oficial do governo federal.
É o que aponta
estudo da CNI (Confederação Nacional da Indústria) com base em dados oficiais
sobre andamento de obras do setor.
Os gastos com
saneamento estacionaram a partir de 2009. Em 2007, primeiro ano do PAC, houve
gastos efetivos de R$ 6 bilhões no setor (valores corrigidos). Em 2009, os
valores chegaram a R$ 10 bilhões e, desde então, estão no mesmo patamar.
Segundo dados do
Instituto Trata Brasil de 2014, que avalia obras do setor, de um grupo de 330
obras de saneamento relevantes do PAC que são monitoradas, só 26% das obras de
esgoto foram concluídas e 33% de água.
Um fator primordial
para a falta de recursos, segundo o governo, é a dificuldade das companhias de
saneamento concessionarias dos serviços, a maioria estatais, para reduzir suas
perdas. Segundo ela, 37% da água distribuída não é recebida, reduzindo a
quantidade de recursos que as companhias arrecadam e, com isso, sua capacidade
de investir.
Os gastos para
cumprir a meta estabelecida pelo próprio governo no Plansab (Plano Nacional de
Saneamento Básico) são insuficientes –teriam que ser dobrados para alcançá-la.
Mas é a burocracia
para fazer as obras de canalização de esgoto e implantação de rede de água a
principal vilã do baixo desempenho do setor, segundo o levantamento.
"O município
faz um projeto para saneamento, mas demora 22 meses para que o governo libere o
recurso. Num ambiente urbano dinâmico, esperar 22 meses significa ter que
pensar tudo de novo", diz Ilana Ferreira, analista de políticas de saneamento.
DEMORA
Mesmo com o PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento), criado em 2007 e que tinha como uma
das vertentes o saneamento, o país avançou pouco.
Utilizando dados da
Pnad até 2013, o trabalho da CNI mostra que entre 1996 e 2006 o país conseguiu
sair de 40% para 48% de domicílios com rede de esgoto. De 2007 a 2013, o país
chegou a 58%.
As diferenças
regionais são grandes, com o Norte e o Nordeste com índices bem inferiores aos
das outras três regiões brasileiras.
O percentual de
pessoas atendidas em áreas urbanas por redes de água e esgoto estagnou em 2014
e deixou o país mais longe da meta de atingir a universalização do saneamento
até 2033.
De acordo com dados
publicados pelo Ministério das Cidades, o índice de atendimento por rede de
água passou de 93% em 2013 para 93,2% no ano seguinte, e o de esgoto, de 56,3%
para 57,6% (ambos nas áreas urbanas). Os dados são do SNIS (Sistema Nacional de
Informação em Saneamento), um banco de dados federal abastecido por empresas de
saneamento e governos locais.
Mesmo com dados de
2014, ano em que o país ainda não sofria a crise econômica de forma profunda,
os números apontam que os gastos com o setor já não eram condizentes com a meta
estabelecida pelo governo. O valor gasto no setor chegou a R$ 12,2 bilhões,
valor superior aos R$ 10,5 bilhões gastos no ano anterior. Mas, para alcançar a
meta, o valor anual dos desembolsos teria que superar os R$ 25 bilhões ao ano.
De acordo com os
dados do ministério, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o principal
programa de governo para o desenvolvimento do setor, ainda está longe de
concluir os projetos já contratados. De 2.914 projetos contratados, apenas
1.058 estavam concluídos até 2015, ou seja, algo próximo a um de cada três.
OUTROS PROBLEMAS
Os dados de 2014 já
captam a crise hídrica que afetou centenas de cidades do país. O consumo per
capita de água caiu de 166,3 litros por habitante ao dia para 162 litros. Em
São Paulo, a queda foi de 188 litros em 2013 para 179 litros no ano seguinte.
Apesar da queda, o
índice de perda das empresas de saneamento continua grande. Segundo os dados do
levantamento, de cada cem litros produzidos, 37 não são cobrados pelas empresas
em perdas técnicas e não técnicas, número levemente inferior ao de 2013.
Segundo o governo,
uma das dificuldades do país é que vários municípios não cobram ou cobram um
valor baixo pela água que produzem. Isso faz com que os recursos para o setor
sejam escassos e o governo federal seja responsável por mais de 95% dos
investimentos.
Outro problema
apontado é a ineficiência generalizada na gestão de municípios e estados, que
enfrentam dificuldades para a elaboração de planos e projetos, bem como para a
programação e controle das obras de saneamento, principalmente pela falta de
licenciamento ambiental
O estudo destacou
ainda que, se houvesse cobertura ampla do saneamento básico, as internações por
infecções gastrintestinais que, segundo dados do Ministério da Saúde atingem
340 mil brasileiros, baixariam para 266 mil. Além da melhoria na qualidade da
saúde isso representaria redução de custo, já que as internações levaram a um
gasto de R$ 121 milhões, em 2013.
Pelos cálculos
desse trabalho, a universalização traria uma economia das despesas públicas em
torno de R$ 27,3 milhões ao ano e mais da metade (52,3%) no Nordeste. Outros
27,2% no Norte e o restante diluído nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
Conforme os dados,
em 2013, 2.135 vítimas de infecções gastrintestinais perderam a vida - número
que poderia cair 15,5%. A universalização do saneamento também diminuiria os
afastamentos do trabalho ou da escola em 23% , o que poderia implicar em queda
de R$ 258 milhões por ano. Em 2008, 15,8 milhões de pessoas ou 8,3% da
população brasileira faltaram ao serviço ou às aulas por pelo menos um dia,
sendo que 6,1% ou 969 mil por problemas causados por diarreias. Deste
total, 304,8 mil eram trabalhadores e 707,4 mil frequentavam escolas ou
creches.