terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A ADMINISTRAÇÃO I

Atividades que podem ser consideradas como sendo de cunho administrativo existiram sempre em todas as civilizações, mais ou menos organizadas, em diferentes épocas e momentos da história. Entretanto, a Administração como conjunto de disciplinas que de forma sistemática, estruturada, e articulada, orienta e sustenta a gestão de entidades públicas e empresas, tal como a conhecemos nos dias de hoje, teve a sua origem durante a Revolução Industrial como resultado da criação das fábricas e a ampliação e diversificação dos negócios.

De uma atenta leitura do famoso livro de Adam Smith  Investigação sobre a Natureza e as Causas  da Riqueza das Nações, se desprende que, na opinião do eminente “Pai da Economia”,  a criação da riqueza está, em primeiro lugar, intimamente vinculada à divisão do trabalho. Segundo ele “ O maior progresso na produtividade da mão de obra, e a maior parte da aptidão, destreza e poder de julgamento que a dirigem, ou aplicam, em todos os sentidos, parecem ter sido os resultados da divisão do trabalho.” Isso traz como consequência o incremento da produção em condições favoráveis de preço e qualidade

Por outra parte, Smith afirma que “o trabalho foi o primeiro preço, a primeira moeda de troca que foi paga por todas as coisas. Não foi com ouro ou prata, mas sim com trabalho, que primeiramente foi comerciada toda a riqueza do mundo; e o seu valor para aqueles que a possuem e que pretendem trocá-la por qualquer produto é precisamente igual à quantidade de trabalho que lhes permite adquirir o poder de compra”.

Deve-se, porém, na opinião do mestre, considerar na formação do preço do trabalho, o grau de engenho e destreza que uma determinada pessoa apresenta na execução do mesmo, o qual pode ser o resultado, seguramente, da dedicação exclusiva a determinada profissão o tipo de trabalho e da aquisição da correspondente experiência e especialização. O anterior justificaria, por si mesmo, dar ao produto um valor maior daquele que poderia ser inicialmente considerado levando em conta apenas o tempo e o esforço físico necessários para sua elaboração..

Smith também sustenta que quando se apresenta uma acumulação de mercadorias nas mãos de alguns indivíduos, estes podem utilizar essa reserva para o recrutamento e contratação de pessoas de habilidade reconhecida,  aos quais poderão, inclusive, fornecer equipamento, matéria prima e “meios de subsistência”, tudo, com vistas à obtenção de um maior lucro pela venda do trabalho destas. Por tal razão, ao vender o objeto manufaturado por um preço superior ao que é necessário pagar para cobrir o custo dos materiais usados e salários dos trabalhadores “algo deve ficar para aquele que arriscou a sua reserva de mercadoria nesta aventura”.

Concorde-se ou não com as opiniões vertidas na notável obra de Adam Smith, o nosso trabalho unicamente pretende destacar que, já desde aquelas épocas, surgiram determinados conceitos que, ainda neste momento, são motivo de preocupação quando se trata de analisar os problemas que empresas e países, enfrentam no campo econômico e administrativo.

O primeiro ponto se refere àqueles elementos que, de uma forma geral, são considerados como os responsáveis pela criação da riqueza, considerada aqui, como a produção de bens e serviços:

A Terra
O Capital
A Mão de Obra

Onde se entende por Terra os espaços físicos, geográficos, ambientais e outros, onde se realiza a atividade econômica;
por Trabalho, a capacidade de produção da mão de obra, incluindo a de natureza intelectual; e, por Capital, as máquinas, equipamentos, ferramentas e tecnologia em geral, necessários para a execução do trabalho.

A Administração, na sua mais simples conceição seria, então, a disciplina ou conjunto de disciplinas através da qual se conseguiria a integração dos elementos mencionados, de forma tal que permitiria atingir os resultados almejados em termos da obtenção de lucros e serviços em favor dos indivíduos e da sociedade como um todo.

Um outro aspecto que gostaríamos de mencionar em nosso analise da herança ideológica e acadêmica deixada por Adam Smith, se refere à importância capital que a obra do mestre deu ao conceito de produtividade como fator determinante para a diversificação da atividade econômica, e para a obtenção dos grandes beneficios a serem obtidos em termos de lucros e na criação da riqueza, no âmbito empresarial e dos países em geral.

É importante salientar, por outro lado, que esses e outros conceitos que serão analisados em sua oportunidade, formam parte da fronteira existente entre a Economia e a Administração, o que nos leva â conclusão que apesar das especificidades próprias de cada uma, ambas não são mais que as duas caras de uma mesma moeda.









quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A Revolução Industrial - Consequências II



Como comentado, a Revolução Industrial teve uma enorme influencia em todos os aspectos da civilização no mundo inteiro e, numa primeira tentativa de análise, podemos afirmar, que os primeiros efeitos foram sentidos nos campos das condições econômicas, em termos de produção e aproveitamento dos recursos naturais, bem como de exploração da mão de obra.

Com o advento da criação e utilização das maquinas na produção industrial surgiu,  como lógico resultado, uma mudança radical no modus vivendi da sociedade da época, com o trabalho saindo do ambiente doméstico, residencial, para a produção em massa nas fábricas das cidades o que, convenhamos, significou uma nova filosofia de vida. As pessoas tiveram que sair de suas moradias para trabalhar em um ambiente fabril, em condições completamente diferentes, não apenas de relacionamento entre patrão e empregado, mas de posicionamento e status funcional.

Mas não foi apenas isso. Os terratenentes ou donos das terras, preocupados com as suas posses e vendo a possibilidade de obtenção de melhores lucros, passaram a expulsar as pessoas que moravam e sobreviviam nas suas plantações, visando aumentar os espaços para o aproveitamento das mesmas na produção de lã, matéria prima fundamental para as fábricas de tecelagem.

A historia nos traz um dos mais notáveis e tristes exemplos dos processos de expulsão acontecido em Sutherland, na Escócia entre 1811 e 1820, onde, segundo estimativas, cerca de 15.000 habitantes foram expulsos, a ferro e fogo, das propriedades para dar lugar a criação de ovelhas.

Este episodio inspirou o filme Highlander protagonizado por Christopher Lambert, lançado nos EUA, em 1986.

De qualquer forma, legiões de despejados, desocupados, sem o que fazer para sobreviver, abandonaram a vida no campo e foram para as cidades à procura de novas oportunidades de trabalho nas fábricas e usinas.

Por outro lado, o tecelão e o fiandeiro que eram inicialmente considerados peças importantes no processo de produção, passaram a ser considerados apenas simples operadores de máquina, sem que existisse nenhuma preocupação com o seu nível de conhecimento ou especialização.

O resultado perverso dessa amálgama de circunstancias foi, a nosso ver, a formação de um contingente de trabalhadores formados principalmente, por razões não muito claras ou definidas, por mulheres e crianças. Seguramente o fator econômico pesou nesta definição e escolha, talvez por considerar que os salários, neste caso, seriam menores, com o que, os lucros, no sentido inverso, apresentariam rendimento mais favorável.

O qualificativo de perverso se justifica pelas condições verdadeiramente predatórias em que os trabalhadores cumpriam a sua tarefa diária. Era uma combinação de salários miseráveis com horários de trabalho próprios de um regime escravocrata, de mais de 18 horas contínuas. Isso tanto na indústria de extração mineral.

Mas, em geral, nem tudo foi ruim nos tempos de inicio e durante a Revolução Industrial.

Como resposta ao descontento generalizado dos trabalhadores, foram promulgadas duas reformas importantes: A Lei das Minas que proibiu o trabalho de mulheres e crianças de ate 10 anos nas minas de carvão, e a Lei das 10 Horas, que estabeleceu um horário máximo de 10 horas para o trabalho de mulheres e crianças nas fábricas da indústria têxtil.

Também os sindicatos que se foram formando naquela época, ganharam maior proteção legal de parte do governo no sentido de ampliar seu direito a reunião para enfrentar e pleitear melhores condições de trabalho diante os empresários.

Outro aspecto importante que contribui para melhorar a vida do trabalhador foi o aperfeiçoamento do processo da divisão do trabalho que levou ao incremento da produtividade nas fabricas.
Um produto como a fabricação de sapatos, para citar um exemplo, foi realmente espetacular. A fabricação de um par de sapatos que antes da atividade e produção fabril consumia o trabalho de uma pessoa durante dezoito horas passou a demorar, no máximo, uns 20 minutos, com o que a produção de multiplicou enormemente, o preço dos mesmos caiu e o salario aumentou. Isso permitiu ao trabalhador, inclusive, maior acesso aos próprios produtos que fabricava, antes, privilegio dos mais ricos e abastados.