Como comentado, a Revolução Industrial teve uma
enorme influencia em todos os aspectos da civilização no mundo inteiro e, numa
primeira tentativa de análise, podemos afirmar, que os primeiros efeitos foram
sentidos nos campos das condições econômicas, em termos de produção e
aproveitamento dos recursos naturais, bem como de exploração da mão de obra.
Com o advento da criação e utilização das maquinas
na produção industrial surgiu, como
lógico resultado, uma mudança radical no modus vivendi da sociedade da época, com
o trabalho saindo do ambiente doméstico, residencial, para a produção em massa
nas fábricas das cidades o que, convenhamos, significou uma nova filosofia de
vida. As pessoas tiveram que sair de suas moradias para trabalhar em um
ambiente fabril, em condições completamente diferentes, não apenas de
relacionamento entre patrão e empregado, mas de posicionamento e status
funcional.
Mas não foi apenas isso. Os terratenentes ou donos
das terras, preocupados com as suas posses e vendo a possibilidade de obtenção
de melhores lucros, passaram a expulsar as pessoas que moravam e sobreviviam
nas suas plantações, visando aumentar os espaços para o aproveitamento das
mesmas na produção de lã, matéria prima fundamental para as fábricas de
tecelagem.
A historia nos traz um dos mais notáveis e tristes exemplos
dos processos de expulsão acontecido em Sutherland, na Escócia entre 1811 e
1820, onde, segundo estimativas, cerca de 15.000 habitantes foram expulsos, a
ferro e fogo, das propriedades para dar lugar a criação de ovelhas.
Este episodio inspirou o filme Highlander
protagonizado por Christopher Lambert, lançado nos EUA, em 1986.
De qualquer forma, legiões de despejados,
desocupados, sem o que fazer para sobreviver, abandonaram a vida no campo e foram
para as cidades à procura de novas oportunidades de trabalho nas fábricas e
usinas.
Por outro lado, o tecelão e o fiandeiro que eram
inicialmente considerados peças importantes no processo de produção, passaram a
ser considerados apenas simples operadores de máquina, sem que existisse nenhuma
preocupação com o seu nível de conhecimento ou especialização.
O resultado perverso dessa amálgama de
circunstancias foi, a nosso ver, a formação de um contingente de trabalhadores
formados principalmente, por razões não muito claras ou definidas, por mulheres
e crianças. Seguramente o fator econômico pesou nesta definição e escolha, talvez
por considerar que os salários, neste caso, seriam menores, com o que, os
lucros, no sentido inverso, apresentariam rendimento mais favorável.
O qualificativo de perverso se justifica pelas
condições verdadeiramente predatórias em que os trabalhadores cumpriam a sua
tarefa diária. Era uma combinação de salários miseráveis com horários de
trabalho próprios de um regime escravocrata, de mais de 18 horas contínuas.
Isso tanto na indústria de extração mineral.
Mas, em geral, nem tudo foi ruim nos tempos de
inicio e durante a Revolução Industrial.
Como resposta ao descontento generalizado dos
trabalhadores, foram promulgadas duas reformas importantes: A Lei das Minas que
proibiu o trabalho de mulheres e crianças de ate 10 anos nas minas de carvão, e
a Lei das 10 Horas, que estabeleceu um horário máximo de 10 horas para o
trabalho de mulheres e crianças nas fábricas da indústria têxtil.
Também os sindicatos que se foram formando naquela época,
ganharam maior proteção legal de parte do governo no sentido de ampliar seu direito
a reunião para enfrentar e pleitear melhores condições de trabalho diante os
empresários.
Outro aspecto importante que contribui para melhorar
a vida do trabalhador foi o aperfeiçoamento do processo da divisão do trabalho
que levou ao incremento da produtividade nas fabricas.
Um produto como a fabricação de sapatos, para citar
um exemplo, foi realmente espetacular. A fabricação de um par de sapatos que antes
da atividade e produção fabril consumia o trabalho de uma pessoa durante
dezoito horas passou a demorar, no máximo, uns 20 minutos, com o que a produção
de multiplicou enormemente, o preço dos mesmos caiu e o salario aumentou. Isso
permitiu ao trabalhador, inclusive, maior acesso aos próprios produtos que
fabricava, antes, privilegio dos mais ricos e abastados.
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