terça-feira, 7 de junho de 2016


O SISTEMA DE ASISTÊNCIA TECNICA DAS COMPANHIAS DE SANEAMENTO – SATECIA

 

A Análise Sistêmica

 

Antecedentes

O biólogo austríaco Ludwig von Bertalanffy formulou, por volta da década de 50, uma teoria interdisciplinar capaz de transcender aos problemas exclusivos de cada ciência e proporcionar princípios gerais e modelos gerais para todas as ciências envolvidas, de modo que as descobertas efetuadas em cada ciência pudessem ser utilizadas pelas demais. Essa teoria interdisciplinar - denominada Teoria Geral dos Sistemas[1] - demonstra o isomorfismo das várias ciências, permitindo maior aproximação entre as suas fronteiras e o preenchimento dos espaços vazios entre elas.

Segundo essa teoria, os sistemas não podem ser compreendidos plenamente apenas pela análise separada e exclusiva de cada uma de suas partes. Ela se baseia na compreensão da dependência recíproca de todas as disciplinas e da necessidade de sua integração.

Assim, os diversos ramos do conhecimento - até então estranhos uns aos outros pela intensa especialização e isolamento consequente - passaram a tratar seus objetivos de estudos como sistemas. Muitas ciências possuem suas versões de abordagem sistêmica, sempre partindo de seus princípios para a harmonização com princípios e conceitos de outras ciências.

Dentre as ciências que adotam esta abordagem, podemos citar:


 

O Programa SATECIA baseou-se na Teoria dos Sistemas para dar sustentação metodológica ao programa de desenvolvimento institucional a ser implementado nas Companhias de Saneamento Básico do Brasil.

A análise de sistemas como instrumento para a solução de problemas no campo da gestão administrativa e operacional, vem sendo utilizado em entidades e empresas, tanto do setor privado como público, e ainda no âmbito da logística militar, principalmente, a partir da expansão da computação e sistematização das informações nos anos 50 e 60.[i]

Mas, o que é um sistema? Existe grande diversidade de opiniões nos meios académicos sobre o que se entende por sistema.

Na Enciclopédia livre Wikipédia encontramos uma definição simples e compreensível:



Um sistema (do grego σύστημα systēma, através do latim systēma), é um conjunto de elementos interdependentes de modo a formar um todo organizado. É uma definição que acontece em várias disciplinas, como biologia,  medicina, informática, administração, direito. Vindo do grego o termo "sistema" significa "combinar", "ajustar", "formar um conjunto".

Todo sistema possui um objetivo geral a ser atingido. O sistema é um conjunto de órgãos funcionais, componentes, entidades, partes ou elementos e as relações entre eles, a integração entre esses componentes pode se dar por fluxo de informações, fluxo de matéria, fluxo de sangue, fluxo de energia, enfim, ocorre comunicação entre os órgãos componentes de um sistema.

A boa integração dos elementos componentes do sistema é chamada sinergia, determinando que as transformações ocorridas em uma das partes influenciarão todas as outras. A alta sinergia de um sistema faz com que seja possível a este cumprir sua finalidade e atingir seu objetivo geral com eficiência; por outro lado se houver falta de sinergia, pode implicar em mau funcionamento do sistema, vindo a causar inclusive falha completa, morte, falência, pane, queda do sistema etc.

 

 

Entre as vantagens e benefícios da utilização da concepção sistêmica nos esforços dirigidos ao melhoramento operacional das organizações, podemos citar:

Em primeiro lugar, nos permite trabalhar com uma visão maior, mais amplia, poderíamos, inclusive, qualificar de holística[ii], de uma empresa ou entidade, considerando todos, absolutamente todos seus componentes estruturais, normativos, de política e de orientação funcional, bem como suas operações, processos e procedimentos técnicos e administrativos, e, finalmente, de manejo dos recursos humanos, materiais, financeiros, tecnológicos e outros.

Em segundo plano, permite estabelecer uma ampla base de análise das relações ao interior da empresa, entre suas unidades, órgãos e líneas de comando, assim como com o entorno e o meio ambiente em geral, de forma a ter um panorama, igualmente integral, das relações institucionais, para dentro e para fora da organização.

Finalmente, temos também uma visão detalhada e completa da estrutura do seu sistema de informações, em termos de produção, processamento e utilização de dados, enfim, da gestão da informação como um todo, e dos esquemas e parâmetros que sustentam a base decisória na determinação dos objetivos e meta.

 

Valores Empresariais

 

Como vimos, a criação de entidades com autonomia administrativa, econômica e financeira, foi o caminho escolhido para dar solução aos problemas institucionais relacionados com as enormes carências no campo dos serviços públicos do setor de saneamento básico dos países da região de América Latina e o Caribe. Pretendia-se, assim, dar maior agilidade à tomada de decisões, eliminando ou diminuindo, de alguma forma, a imensa quantidade de leis, regulamentos, estatutos e outros instrumentos de controle, próprios do setor burocrático do poder central.

A gestão de cunho empresarial se entende em contraposição à gestão pública a qual é, notadamente reconhecida, entre outras coisas, pela morosidade no atendimento, o formalismo e a normalização excessivos, a papelada e o trâmite sem fim e, definitivamente, pela ineficiência na prestação do produto ou serviço para a população.

São valores empresariais:

A Eficiência

A Eficácia

A Efetividade / Qualidade

A Produtividade

A inovação

A Competitividade

 

No caso do saneamento básico, o último dos valores mencionados, ou seja, o da competitividade, não tem uma correlação mais evidente com este tipo de serviços, uma vez que constituem atividades com caraterísticas tipicamente monopolísticas.

Vejamos, entretanto, algumas definições para cada um dos conceptos mencionados:

Eficiência: Trabalhar com método, cumprindo políticas, normas, processos e procedimentos estabelecidos mediante estudos tecnicamente avalizados, com vistas ao atingimento de resultados pré-determinados; envolve a racionalização na utilização dos recursos: tempo, humano, tecnológico, material, financeiro e outros.

Eficácia: Capacidade de atingir os objetivos e metas, oferecendo, através das decisões e ações certas, o produto e o serviço que atenda os parâmetros e padrões de qualidade e excelência determinados e exigidos pela sociedade.

Efetividade: Capacidade de acompanhar e atender a satisfação do consumidor através de ações permanentes de pesquisa e avaliação dos produtos e serviços, determinando até que ponto se atende ou não as expectativas do cliente ou consumidor, quanto a suficiência, qualidade e preço.

Produtividade: Esforço constante e permanente dirigido ao máximo aproveitamento dos recursos naturais, em primeiro lugar, bem como daqueles necessários para a produção de bens e serviços. É o resultado da utilização máxima do conhecimento e da tecnologia, e, principalmente, do aperfeiçoamento técnico, profissional e institucional dos negócios, instituições e entidades econômicas dirigidas para a produção da riqueza e bem-estar da população.

Nos próximos textos, apresentaremos um detalhamento dos Sistemas com seus correspondentes Subsistemas, tal como foram definidos no âmbito do SATECIA para as Companhias de Saneamento Básico do Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

 




[i] Sanford L. Opner – System Anakysis for Business and Indudstrial Problem Solving, 1965. Prentice Hall Inc.
[ii] O holismo é um conceito criado por Jan Christiaan Smuts em 1926, que o descreveu como a "tendência da natureza de usar a evolução criativa para formar um "todo" que é maior do que a soma das suas partes"