Entre os programas que aqui denominamos coadjuvantes e que
deram suporte à implantação e desenvolvimento do PLANASA, os mais importantes,
sem dúvida nenhuma, foram o SATECIA e o Programa de Treinamento.
Ambos, resultado de convênios celebrados entre o Governo
Brasileiro e a OPS/OMS, o primeiro, e, o segundo, com a Associação Brasileira
de Engenharia Sanitária – ABES, mais ou menos na mesma época, arredor do ano
1974.
É importante destacar, entretanto, e com o intuito de explicar
a lógica de seu desenvolvimento através de todo o processo e atividades
realizadas, que as ações dos mesmos, embora tivessem, inicialmente, finalidades
e objetivos específicos próprios, tiveram implementação e execução concomitante
e coordenada, face à obvia identidade e comunidade de propósitos finalistas,
sendo, inclusive, na sua essência, partes de um mesmo processo.
Cada um, naturalmente, cumprindo e atuando de acordo com seu
correspondente papel, identificado a partir de sua especialização.
O
SATECIA – SISTEMA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA DAS COMPANHIAS DE SANEAMENTO
Considerações
Gerais
Com o surgimento nos últimos anos de novos modelos de
desenvolvimento dos países, com a revisão do papel do estado, a liberação da
economia e a promoção e incentivo à participação da iniciativa privada em
campos, anteriormente, exclusivos do poder público, o setor de saneamento
encontrou outras alternativas para dar sequência aos esforços para enfrentar as
suas dificuldades e ineficiências, e dar definitiva solução para suas grandes
carências.
Um aspecto que sempre foi motivo de controvérsia e
constitui, ou tem constituído, fator determinante nas políticas de
desenvolvimento dos serviços públicos, principalmente, no caso do saneamento
básico, se refere ao critério generalizado sobre que a prestação do serviço
deve atender, fundamentalmente, valores e interesses sociais e, por
conseguinte, devem ser proporcionados à população sem nenhum custo.
Esse ponto tem influenciado e afetado enormemente a gestão
das empresas concessionárias, precisamente, no campo da determinação e estabelecimento
de valores, preços ou tarifas a serem cobradas dos consumidores para sustentar
e cobrir a gestão, a operação e os vultuosos investimentos necessários para a
universalização dos serviços.
Dessa forma, durante muito tempo se tem discutido e ainda
se discute se o serviço público no caso, principalmente, do saneamento básico,
deve ser administrado de forma a garantir “retorno” ou produzir “lucro”, como
resultado de suas atividades.
A discussão tem aumentado nos últimos tempos com a
tendência a dar participação ao setor privado na gestão desses serviços.
“A agua constitui um bem da natureza e, por tanto, não se
deve cobrar pelo seu consumo”.
“Água de graça para a população carente: um lucro social”.
“Suspender ou cortar o serviço de água por falta de
pagamento, é um atentado contra a saúde pública”.
Sem dúvida, o tema é muito controvertido e, no caso do
Brasil, foram criadas entidades concessionárias com caraterísticas de economia
mista, isto é, de direito privado, com a obrigação, por tanto, de procurar
retorno, pagar impostos, assumir compromissos com órgãos financeiros nacionais
e até internacionais, assim como cumprir outros requisitos de ordem jurídica, próprios
de sua condição legal e estatutária.
Se tratava assim, com a criação de entidades desse tipo,
dar à gestão das mesmas um caráter “empresarial”, capaz de trabalhar com
critérios de eficiência, eficácia, efetividade, produtividade, etc., com uma
maior agilidade na condução dos negócios de caráter público destas
instituições, induzindo a adoção de uma gestão profissional, ágil e técnica,
evitando ou, pelo menos, diminuindo a influência política e o corporativismo
estatal.
Esse era o contexto geral que orientou a atuação do Programa
SATECIA no âmbito do PLANASA e determinou as suas estratégias e objetivos
específicos para o planejamento e execução de suas atividades e programas em
âmbito nacional.
A
Missão do SATECIA
Introduzir nas instituições do Setor de Saneamento do Brasil, uma cultura permanente
de mudança organizacional, incluindo a atualização e melhoria de suas estruturas,
processos operacionais e de gestão e, principalmente, de desenvolvimento e
aperfeiçoamento técnico – profissional de seus recursos humanos, com miras a
dota-las de uma capacidade institucional eficiente que lhes permita proporcionar
índices de qualidade na prestação de seus serviços para a comunidade, conforme
parâmetros e padrões nacional e internacionalmente avaliados.
Diretrizes Gerais
De acordo com os conceitos expostos anteriormente, entende-se
o desenvolvimento institucional como um processo de mudança planejada fundamentado
da Teoria dos Sistemas, segundo a qual, as organizações e instituições de
qualquer tipo que sejam, são sistemas abertos, entes complexos, formados por
partes interdependentes que se relacionam e interatuam entre si para alcançar
um determinado objetivo ou propósito, em estreito intercâmbio com o entorno ou
ambiente externo o qual, por sua vez, lhe nutre e lhe dá os elementos de retroalimentação
necessários para a renovação constante e permanente de sua estrutura e
recursos, bem como para a definição e revisão de seus objetivos.
As organizações, empresas e instituições precisam,
insistimos, de um esforço permanente de adaptação, adequação e condicionamento,
com vistas a garantir seu melhor desempenho, seu desenvolvimento e, definitivamente,
até sua própria sobrevivência.
Com essa base conceitual o Programa SATECIA estabeleceu uma
plataforma de atuação conforme os critérios e diretrizes seguintes:
I.
O Programa encontra-se voltado, principalmente,
para acelerar e aprimorar os requisitos que devem ser atendidos pela estrutura,
pelos métodos e sistemas empresariais e técnicos e pelos recursos humanos (estes
principalmente) das Companhias, de tal maneira que possam obter e manter crescente
melhoria nos seus índices operacionais, de desempenho, produtividade e
especialização.
II.
A existência de boas estruturas, bons métodos
de trabalho e adequados recursos humanos, não necessariamente garantem um nível
de excelência satisfatório do desenvolvimento das instituições, a não ser que a
conduzam â consecução dos objetivos e metas do PLANASA, em termos de trabalhar
com eficiência, menores cursos, sistemas tarifários econômicos e justos e uma
melhor imagem junto à comunidade.
III.
O processo é global e integrador, no sentido de
abranger todos os setores e dimensões da Companhia no sentido de impulsionar o
desenvolvimento conjunto e integrado de todas as suas partes e não, apenas, de
atividades, funções e estruturas isoladas, específicas.
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