Francisco Lima Aguilar
Um dos maiores problemas que os países chamados
emergentes, de terceiro mundo ou em desenvolvimento enfrentam nos dias de hoje,
é o imenso vácuo existente entre o modelo de Estado e de organização
administrativa pública vigente nestes países, e as necessidades de mudanças
estruturais exigidas pelo processo de interação e integração com uma realidade
e com um mundo externo cada vez mais cambiante e dinâmico, com o qual, para bem
ou para mal, temos que conviver.
Nossos países vêm sendo atropelados, no seu dia a dia,
pela velocidade dos acontecimentos provocados mundo fora pela revolução da
informação, o avanço da tecnologia e a globalização. É uma situação que vem
criando grandes conflitos nos campos político, social e econômico pelas
dificuldades que temos para nos adaptar ás novas situações. Em que pese aos
esforços realizados, pouco conseguimos progredir e nossos países continuam a
sofrer as mazelas do atraso como o desemprego, a pobreza, e, em muitos casos,
até com a fome e com doenças que há muito tempo deveriam ter sido controladas.
O pior de tudo é a desesperança e a falta de perspectivas.
As pessoas não conseguem ver de que forma podem melhorar e sair de uma crise
que se torna cada vez mais permanente, assumindo contornos endêmicos, por que
se apresenta recorrente, parecendo que chegou para ficar.[1]
Mais de trinta anos atrás Alvin Toffler alertava para este
fenômeno cujos sinais, já nessa época, eram cada vez mais claros, ainda que,
naquele momento, os países, empresas, governos, políticos e o comum das
pessoas, não o estavam percebendo.
Nos seus livros O Choque do Futuro, A terceira Onda e
outros mais recentes, o reconhecido autor, nos comenta acerca das
mudanças radicais acontecidas nas condições de vida da humanidade nessas últimas
décadas, e de como isso afeta as pessoas provocando grande estresse
e resistência.
Nada reflete melhor esta nossa frustração e medo perante o
novo, que algumas das crônicas do notável escritor, Luis Fernando Veríssimo[2].
En uma delas, falando sobre o jogo de xadrez acontecido em uma ocasião entre
Kasparov e o computador, o escritor nos da um engraçado exemplo deste fenômeno
inquestionável, quando nos diz: “Outra razão para torcer pelo computador contra
o homem é que os computadores devem ser encorajados a se dedicar à inutilidade
e deixar as linhas de montagem, onde roubam empregos dos homens”. E completa
“Mas enquanto os humilham no inútil, os computadores devem recolher seus robôs
e devolver as tarefas que roubaram do homem. Concedemos a eles todas as glorias
intelectuais para ter nossos empregos de volta”.
Em outra de suas crônicas, Veríssimo fala do
constrangimento das pessoas diante uma secretaria eletrônica, numa situação
realmente desconcertante: “O teste definitivo para você saber se está ou não
integrado no mundo moderno é a secretária eletrônica. O que você faz quando
liga para alguém e quem atende é uma máquina?”.[3]
De outro ângulo, Toffler nos informa que, a situação evoluiu
tanto que, nos dias de hoje, numa dúzia de países de maior importância, a
agricultura passou a empregar menos de 15 % da população economicamente ativa.
Nos Estados Unidos, cujas fazendas alimentam mais de 200.000.000 de americanos
e ainda, o equivalente a outros tantos 200.000.000 em todo mundo, esta cifra
fica ainda abaixo de 6 % e diminui cada vez mais. Quer dizer que houve uma
migração imensa de mão de obra do campo para a cidade, na procura de emprego na
atividade industrial.
Mas as coisas não pararam por aí e, a seguir,
testemunhamos como, a partir dos anos sessenta, o 50 % da força de trabalho
urbana, nos Estados Unidos, abandonou as fábricas e o trabalho braçal para
trabalhar em negócios, administração pública, comunicações, educação, pesquisa
e outras atividades. Começava assim a tal economia de serviços.
Diante da percepção de mudanças dessa ordem, o que fazer?
Nossos sistemas de educação e ensino, de saúde e de segurança, estão realmente
adequados para enfrentar as novas realidades e os novos desafios nos campos do
conhecimento e desenvolvimento tecnológico e social?
Podemos, por exemplo, competir em igualdade de condições,
nos negócios, nas exportações, no intercambio comercial, em geral, quando
nossos portos e aeroportos são inadequados, estão obsoletos ou trabalham de
forma ineficiente, não temos estradas suficientes ou estão esburacadas, a nossa
legislação está ultrapassada, a nossa burocracia é imensa etc., etc., etc?
As pessoas
entendem o que é déficit fiscal, superávit primário? O que é a inflação e como
acontece? Como estes conceitos ou fenômenos afetam nossa vida?
A administração dos serviços públicos deve estar a cargo do Estado ou existe espaço para a participação do setor privado?
Estas e
outras indagações parecem estar sem resposta.
Entendemos
que a informação, a divulgação, o esclarecimento, a educação e o debate
permanente sobre temas como os citados, são recursos importantes para
contribuir para a orientação das pessoas sobre as questões que vem afetando das
mais diversas formas nossa vida pessoal, profissional e familiar e, de maneira geral,
o país.
Entretanto
existe, a nosso ver, um evidente vazio entre os meios de divulgação e de
informação existentes hoje em dia. E uma carência importante e, sem dúvida
devemos fazer algo ao respeito.
Acreditamos que é aqui que se encontra o foco de nosso
trabalho: a informação, o esclarecimento a orientação e o debate, sobre o
problema da gestão do tipo público ou privado e suas fronteiras, e a relação de
tudo isto com o desenvolvimento institucional, econômico e social. A informação
tratada com profissionalismo e competência sobre um tema que ainda mantém áreas
obscuras e desconhecidas para a maioria das pessoas.
Nossa Visão
Ser um centro de referencia da mais alta qualificação para
a divulgação do conhecimento moderno sobre a gestão pública, no Brasil e demais
paises da América Latina e o Caribe.
Nossa Missão
Atuar como veiculo de informação, educação e orientação
sobre a gestão dos assuntos públicos e privados e o seu papel para o desenvolvimento. Fazer
isto revolucionando a forma, o conteúdo e a linguagem no trato desses assuntos,
de forma a promover e estimular o debate público, mantendo uma atitude isenta,
profissional e transparente frente à população.
[1] Praticamente todos os
países da região de América Latina, com destaque para Argentina, Bolívia,
Colômbia, Equador, Uruguai e Perú, têm apresentado momentos graves de convulsão
social. México e Chile (melhor este último) são à exceção à regra, o mesmo que
o Brasil que, apesar da crise, não tem, ate o momento, sofrido manifestações de
revolta popular em grande escala, más enfrenta uma violência criminal sem
precedentes.
[2] Novas Comédias da Vida
Pública. A Versão dos Afogados. L&PM, 1997.
[3] Obra citada.
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