sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A RESISTÊNCIA À MUDANÇA



Francisco Lima Aguilar

Um dos maiores problemas que os países chamados emergentes, de terceiro mundo ou em desenvolvimento enfrentam nos dias de hoje, é o imenso vácuo existente entre o modelo de Estado e de organização administrativa pública vigente nestes países, e as necessidades de mudanças estruturais exigidas pelo processo de interação e integração com uma realidade e com um mundo externo cada vez mais cambiante e dinâmico, com o qual, para bem ou para mal, temos que conviver.

Nossos países vêm sendo atropelados, no seu dia a dia, pela velocidade dos acontecimentos provocados mundo fora pela revolução da informação, o avanço da tecnologia e a globalização. É uma situação que vem criando grandes conflitos nos campos político, social e econômico pelas dificuldades que temos para nos adaptar ás novas situações. Em que pese aos esforços realizados, pouco conseguimos progredir e nossos países continuam a sofrer as mazelas do atraso como o desemprego, a pobreza, e, em muitos casos, até com a fome e com doenças que há muito tempo deveriam ter sido controladas.

O pior de tudo é a desesperança e a falta de perspectivas. As pessoas não conseguem ver de que forma podem melhorar e sair de uma crise que se torna cada vez mais permanente, assumindo contornos endêmicos, por que se apresenta recorrente, parecendo que chegou para ficar.[1]
Mais de trinta anos atrás Alvin Toffler alertava para este fenômeno cujos sinais, já nessa época, eram cada vez mais claros, ainda que, naquele momento, os países, empresas, governos, políticos e o comum das pessoas, não o estavam percebendo.

Nos seus livros O Choque do Futuro, A terceira Onda e outros mais recentes, o reconhecido autor, nos comenta acerca das mudanças radicais acontecidas nas condições de vida da humanidade nessas últimas décadas, e de como isso afeta as pessoas provocando grande estresse e resistência.

Nada reflete melhor esta nossa frustração e medo perante o novo, que algumas das crônicas do notável escritor, Luis Fernando Veríssimo[2]. En uma delas, falando sobre o jogo de xadrez acontecido em uma ocasião entre Kasparov e o computador, o escritor nos da um engraçado exemplo deste fenômeno inquestionável, quando nos diz: “Outra razão para torcer pelo computador contra o homem é que os computadores devem ser encorajados a se dedicar à inutilidade e deixar as linhas de montagem, onde roubam empregos dos homens”. E completa “Mas enquanto os humilham no inútil, os computadores devem recolher seus robôs e devolver as tarefas que roubaram do homem. Concedemos a eles todas as glorias intelectuais para ter nossos empregos de volta”.

Em outra de suas crônicas, Veríssimo fala do constrangimento das pessoas diante uma secretaria eletrônica, numa situação realmente desconcertante: “O teste definitivo para você saber se está ou não integrado no mundo moderno é a secretária eletrônica. O que você faz quando liga para alguém e quem atende é uma máquina?”.[3]

De outro ângulo, Toffler nos informa que, a situação evoluiu tanto que, nos dias de hoje, numa dúzia de países de maior importância, a agricultura passou a empregar menos de 15 % da população economicamente ativa. Nos Estados Unidos, cujas fazendas alimentam mais de 200.000.000 de americanos e ainda, o equivalente a outros tantos 200.000.000 em todo mundo, esta cifra fica ainda abaixo de 6 % e diminui cada vez mais. Quer dizer que houve uma migração imensa de mão de obra do campo para a cidade, na procura de emprego na atividade industrial.

Mas as coisas não pararam por aí e, a seguir, testemunhamos como, a partir dos anos sessenta, o 50 % da força de trabalho urbana, nos Estados Unidos, abandonou as fábricas e o trabalho braçal para trabalhar em negócios, administração pública, comunicações, educação, pesquisa e outras atividades. Começava assim a tal economia de serviços.

Diante da percepção de mudanças dessa ordem, o que fazer? Nossos sistemas de educação e ensino, de saúde e de segurança, estão realmente adequados para enfrentar as novas realidades e os novos desafios nos campos do conhecimento e desenvolvimento tecnológico e social?

Podemos, por exemplo, competir em igualdade de condições, nos negócios, nas exportações, no intercambio comercial, em geral, quando nossos portos e aeroportos são inadequados, estão obsoletos ou trabalham de forma ineficiente, não temos estradas suficientes ou estão esburacadas, a nossa legislação está ultrapassada, a nossa burocracia é imensa etc., etc., etc?

As pessoas entendem o que é déficit fiscal, superávit primário? O que é a inflação e como acontece? Como estes conceitos ou fenômenos afetam nossa vida?

A administração dos serviços públicos deve estar a cargo do Estado ou existe espaço para a participação do setor privado?

Estas e outras indagações parecem estar sem resposta.

Entendemos que a informação, a divulgação, o esclarecimento, a educação e o debate permanente sobre temas como os citados, são recursos importantes para contribuir para a orientação das pessoas sobre as questões que vem afetando das mais diversas formas nossa vida pessoal, profissional e familiar e, de maneira geral, o país.

Entretanto existe, a nosso ver, um evidente vazio entre os meios de divulgação e de informação existentes hoje em dia. E uma carência importante e, sem dúvida devemos fazer algo ao respeito.

Acreditamos que é aqui que se encontra o foco de nosso trabalho: a informação, o esclarecimento a orientação e o debate, sobre o problema da gestão do tipo público ou privado e suas fronteiras, e a relação de tudo isto com o desenvolvimento institucional, econômico e social. A informação tratada com profissionalismo e competência sobre um tema que ainda mantém áreas obscuras e desconhecidas para a maioria das pessoas.

Nossa Visão


Ser um centro de referencia da mais alta qualificação para a divulgação do conhecimento moderno sobre a gestão pública, no Brasil e demais paises da América Latina e o Caribe.

Nossa Missão


Atuar como veiculo de informação, educação e orientação sobre a gestão dos assuntos públicos e privados e  o seu papel para o desenvolvimento. Fazer isto revolucionando a forma, o conteúdo e a linguagem no trato desses assuntos, de forma a promover e estimular o debate público, mantendo uma atitude isenta, profissional e transparente frente à população.





[1] Praticamente todos os países da região de América Latina, com destaque para Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Uruguai e Perú, têm apresentado momentos graves de convulsão social. México e Chile (melhor este último) são à exceção à regra, o mesmo que o Brasil que, apesar da crise, não tem, ate o momento, sofrido manifestações de revolta popular em grande escala, más enfrenta uma violência criminal sem precedentes.
[2] Novas Comédias da Vida Pública. A Versão dos Afogados. L&PM, 1997.
[3] Obra citada.

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