quarta-feira, 5 de setembro de 2018

DI, INOVAÇÃO E TECNOLOGIA PARA O SANEAMENTO


Em tempos de gestão institucional, de caráter empresarial, como temos definido e proposto para as instituições públicas e privadas no campo dos serviços públicos, a tecnologias sobre inteligência artificial, internet das coisas, robótica, realidade virtual e aumentada e big data, constituem, sem dúvida nenhuma, a ordem do dia no mundo todo, em todos os campos, e estão a inteira disposição.

Desenvolvimento e Implantação de Instrumentos e processos de Planejamento

No caso do Brasil, a falta de instrumentos adequados para o exercício do planejamento em todos os níveis, tal como tem ficado demonstrado em nossas colocações anteriores, constitui um problema grave e um enorme obstáculo para a retomada de um esforço que possamos chamar de sério, para o atingimento das metas que vem sendo estabelecidas e sucessivamente postergadas, para superar as deficiências estruturais do saneamento básico e alcançar a tão almejada universalização dos serviços, conforme critérios e valores já citados de:

Eficiência, Eficácia, Efetividade, Produtividade, Inovação e Sustentabilidade e Competitividade.

Fig.1


A Figura acima nos mostra, de maneira didática e simples, o processo de planejamento geral composto por oito premissas básicas:

Onde, numa primeira análise, se estabelece a necessidade de mudança do presente para um hipotético futuro.

Num segundo momento, através de uma sequência analítica, se identifica, com o máximo de precisão, onde estamos agora e realizamos o processo de planejamento, propriamente dito, para definir o caminho e as medidas necessárias para superar nosso estado atual. Ou seja, exercitamos um esforço prospectivo para determinar onde pretendemos chegar.

Finalmente, as últimas três ultimas premissas incluem, as fases finais de consolidação de um marco da situação atual, para em seguida, passarmos para a elaboração de um plano de ação consolidado, para atingirmos os objetivos pretendidos.

Numa concepção mais ampla, o planejamento é um processo. Um processo formado pelas fases de diagnóstico, prognóstico, inventário, estudo de alternativas, analise econômico-financeiro e montagem de planos, programas e projeto.

Figura 2, são mostrados os passos ou processos gerais  para a definição do diagnóstico inicial e a elaboração dos planos propriamente ditos, com indicação de prazos, necessários para seu acompanhamento, avaliação e controle.


O Plano Municipal de Saneamento Básico

No Brasil, segundo a legislação vigente, os municípios devem elaborar um Plano Municipal de Saneamento Básico, que os qualifica para receber apoio técnico e financiamento das fontes oficiais de crédito. É um documento complexo, que demanda grande esforço técnico e mobilização, tornando, por conseguinte, necessário, a utilização de pessoal especializado e muito experiente, no campo do planejamento e preparação de projetos de saneamento.
Entre algumas singularidades dos termos de referência para elaboração do plano, podemos mencionar a recomendação para a   utilização de diversas metodologias de planejamento tais como planejamento estratégico, analise de forças e fraquezas, riscos e oportunidades, equilíbrio econômico financeiro dos empreendimentos e, especificamente, a utilização da metodologia SWOT, cujo esquema apresentamos abaixo.[i]

A nosso ver, o trabalho de coleta, análise e processamento de informações, com miras à formação de conclusões e alternativas, bem como o estabelecimento de bases e recomendações para a preparação dos relatórios e projetos, não é tarefa fácil, e, pelo que conhecemos, também não está ao alcance das atividades rotineiras do pessoal das empresas e/ou municípios do setor. É preciso então, a participação especializada de técnicos e consultores especialistas, neste tipo de trabalho. Segundo os termos de referência, a Fundação Nacional de Saúde -FUNAS – pode fornecer este tipo de apoio mediante a solicitação do município interessado.

O trabalho é, insistimos, complexo e exige um investimento muito grande de recursos técnicos e humanos. Os Termos de Referência são muito detalhados e cobrem praticamente todos os aspectos necessários para o cumprimento das exigências dos órgãos correspondentes. Mas, então, por que do atraso e da dificuldade que vem enfrentando os órgãos municipais para cumprir com o encargo que lhes está sendo cobrado?

A seguir, incluímos alguns dos conceitos comumente utilizados para a realização desta etapa, dirigidos para à preparação e formulação de planos e projetos de corte estratégico para o setor de saneamento. São conceitos e propostas simples que consideramos mais adequados para o nível das entidades operadoras dos sistemas nos municípios, principalmente, dos municípios de pequeno porte.

Sobre o Diagnóstico

O Diagnóstico constitui a pedra fundamental de todo o processo de planejamento. Do diagnóstico depende o êxito ou fracasso de qualquer esforço no sentido da definição dos caminhos, soluções e ações com que pretendemos enfrentar os problemas no curto, médio e longo prazos.
E o que entendemos por problema?

“PROBLEMA É UMA SITUAÇÃO QUE SURGE DA COMPARAÇÃO ENTRE DOS ESTADOS: O PRESENTE OU SISTEMA EXISTENTE E O PROPOSTO OU SISTEMA HIPOTÉTICO”.

Não é fácil identificar problemas no sentido indicado. A história das entidades responsáveis pela gestão dos serviços de água e esgotos nos mostra muitos exemplos entre os quais, investimentos vultuosos, principalmente em obras desnecessárias ou, pelo menos, inoportunas, que foi a solução encontrada para resolver problemas erroneamente definidos.

Existem diversas metodologias de planejamento utilizadas, inclusive, por agencias internacionais de crédito, cujo ponto de partida consiste na identificação de problemas. Uma das mais conhecidas é o The Logical Framework Aproach (LFA), desenvolvida pela US AID, baseada em trabalhos da Samset & Stokkeland Consulting A.S Oslo.

A metodologia trata do estabelecimento da “árvore de objetivos” a partir da identificação da “árvore de problemas”, conforme os seguintes passos:

Ø Identificação dos problemas existentes, não os possíveis, imaginados ou futuros.
Neste ponto, se entende que, um problema, conforme a definição apresentada, não é a ausência de uma solução, mas a existência de um estado negativo.
Ø Identificação do problema considerado o mais importante, ou chave ou central (focal problem)
Ø Identificação das causas dos problemas
Ø Identificação dos “efeitos” dos problemas.

As causas e efeitos do problema central, constituem, por sua vez, problemas que causam ou produzem outros problemas e assim, sucessivamente, ate ficar caraterizada a “árvore de problemas”.

Para a definição, na sequência, dos objetivos do plano ou projeto, substitui-se os conceitos relativos e definidos como problemas ou estados negativos, por situações positivas a serem atingidas.

Nas Figuras seguintes, apresentamos esquemas simples do processo de análise de problemas  e definição de objetivos, tal como mencionado.
























[i] Tomado dos Termos de Referência para a preparação do Plano Municipal de Saneamento Básico. FUNAS – Ministério da Saúde – Gov. Brasileiro.
[ii] Sanford L. Opner – System Analysis for Business and Industrial Problem Solving. 1965.

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